América do Sul

Quebrada de Humahuaca, na Argentina

Tentando escapar do frio inesperado de Mendoza, após uns dias gelados e chuvosos em que mal saímos do hostel, resolvemos seguir para a Quebrada de Humahuaca. É um lugar de montanha, à caminho da Bolívia, de paisagem rude e seca, quase sem árvores, apenas cactos gigantescos. 

Os cacaus gigantes da Quebrada de Humahuaca, na Argentina

Tilcara, a cidade ideal para se hospedar na Quebrada de Humahuaca, na Argentina

Escolhemos como base para visitar a região a cidade de Tilcara, a maiorzinha e com mais recursos. A escolha de Ticara para nos alojarmos foi uma boa. A cidade tem boas partes de suas ruas de terra, mas possui uma estrutura turística muito melhor que suas vizinhas. Oferece, portanto, mais opções de hospedagem, restaurantes simpáticos, lugares onde trocar dólar, agências de viagem, lojas.

Hotel gelado e de localização incômoda

As duas primeiras noites ficamos um hostel a algumas quadras da estação rodoviária. Não era muito afastado, porém no alto de uma rua de areia e pedregulho. Então, transformávamos nossas malinha de rodas em mochila e encarávamos a ladeira. 
Igualmente nos incomodou o chão do quarto, demasiadamente frio. Na ducha não havia cortina. Cada vez que tomávamos banho naquele cômodo gelado o chão do banheiro ficava inundado. O aquecedor que nos deram era ridículo. Não esquentava nada! Logo, após encarar duas noites geladas resolvemos levantar acampamento.

Tilcara, Quebra de Humahuaca, na Argentina

Aonde se hospedar em Tilcara, cabaña

Sabendo que baixa estação sempre é mais fácil, no dia seguinte resolvemos fuçar nas proximidades da estação rodoviária. Assim, conseguimos por apenas um dólar a mais uma cabanã” (uma espécie de edícula no jardim), com cozinha bem equipada, com mesa para refeições. Ainda mais, ficava a menos de cem metros do Terminal Rodoviário. Portanto, super prático, pois iríamos visitar de ônibus outros lugares da Quebrada.  Imediatamente nos mudamos

A culinária da Quebrada de Humahuaca, na Argentina

Tilcara tinha restaurantes bem simpáticos e barzinhos animados por músicos locais que tocavam desde tango à música regional, que você não escuta em outros lugares da Argentina. Em um lugar onde jantamos o casal de cantores sabia até tocar música brasileira!

Restaurante com música na Quebrada de Humahuaca

Lhama, a carne que se come na Quebrada de Humahuaca, na Argentina

Dessa forma, a maior parte do tempo, comíamos carne de lhama, mais macia do que a de boi, lembrando muito a vitela. Esses filés ao molho, acompanhados de batata, eram muitos bons.
Antes de mais nada, lhama, é a carne que mais se come na Quebrada de Humahuaca. Ou seja, é melhor e mais em conta do que a de boi, que vem dos pampas, muito longe.

Quebrada de Humahuaca na Argentina, um longo vale de paisagem árida

A Quebrada é composta pelo vale de 155 km do leito seco do Rio Grande que, nas raras enchentes que ocorrem por lá, se transforma, transborda e provoca inundações.
Trata-se de paisagens grandiosas, e que, portanto, não tem nada a ver com Bariloche ou Buenos Aires. Uma outra Argentina, que a maioria dos brasileiros que viaja país vizinho nem sabe que existe.
Os paredões rochosos e secos da região têm cores absolutamente incomuns, verdes, amarelas, vermelhas, que se destacam sob um céu de um azul intenso.
Junto da rodovia que atravessa a Quebrada há várias cidadezinhas. A mais prática e com boas opções de hospedagem e serviços é Tilcara, mas é igualmente possível se hospedar na cidade de Humahuaca. Aliás, as demais são muito pequenas, a oferta de serviços é mínima.

Os incríveis paredões coloridos da quebrada de Humahuaca, na Argentina

Paleta del Pintor

Em boa parte da estrada que liga as cidadezinhas da Quebrada pode-se, por exemplo, avistar a famosa paleta del pintor, que se estende por muitos quilômetros ao londo da rodovia. Mas a melhor vista é da cidadezinha de Maimará.
Em primeiro lugar, é bom saber: Maimara é um fim de mundo. Dessa forma, talvez você nem encontre uma porta aberta para comer um sanduíche. Portanto, leve pelo menos uma garrafinha d’água e biscoitos.

Paleta del pintor, na Quebrada de Humahuaca, na Argentina

População índia ou mestiça na Quebrada de Humahuca, na Argentina

Mesmo a população é diferente, boa parte dos argentinos da Quebrada é índia ou mestiça, o artesanato lembra o boliviano e muitos conservam suas vestimentas aymaras. Ainda mais: conservam seu idioma nativo quando conversam entre si.

Você verá também argentinos de tipo europeu, porém, a maior parte da população branca é oriunda de Buenos Aires e outras regiões.
Mesmo a alimentação não é a mesma do resto da Argentina. Assim, na Quebrada de Humahuca a carne de lhama, é muito consumida. É uma carne meio branca, bastante saborosa e com o gosto muito parecido com a da vitela. Logo, quando servida à milanesa você nem percebe que se trata de carne de lhama.

Quebrada de Humahuaca, na Argentina – bife de lhama à milanesa

Quebrada de Humahuaca na Argentina, uma região habitada há mais de onze mil anos

A Quebrada de Humahuaca tem uma longe história. Assim, indícios arqueológicos indicam que a região é ocupada pelo homem há mais de onze mil anos. Posteriormente, há 9 mil ano a.C., esses caçadores e coletores se fixaram na Quebrada dedicando-se a agricultura e pecuária – criação de lhamas. Muitos séculos depois, de 9.000 a.C até o final do século XV as tribos da região, que já possuíam construções em pedra e outros avanços, foram conquistadas pelos incas.  

Os primitivos habitantes da Quebrada de Humahuaca na Argentina já conheciam construções de pedra

Durante o período colonial espanhol a Quebrada era conhecida como um trecho do Camiño Real, por onde era transportada para o Porto de Buenos Aires, em lombo de burros, a prata das minas de Potosí, na Bolívia. 

Lhama na Quebrada de Humahuaca, na Argentina

Hoje toda a Quebrada de Humahuaca na Argentina, é cortada por uma boa rodovia, a Ruta 9, com pouco trânsito. Ela sobe os Andes. A altitude em alguns trechos ultrapassa os quatro mil ms snm. 

Cuidado, animais na estrada

Cuidado, há animais soltos pela estrada. Dessa forma, atenção às lhamas e seus primos guanacos, que atravessam tranquilamente a via. As vezes você depara com rebanhos inteiros em volta do carro. A piada é que por mais que você buzine e avance o carro, elas não saem da frente. Assim, já tive, mais de uma vez que descer do automóvel agitando uma um chapéu e gritando, para que se movessem…

Portanto, é preciso ficar atento. Ou seja, esses bichos estão na beira da estrada e de repente, basta você se aproximar, querem atravessar para outro lado. Logo, não corra!

Purmamarca e Salina Grande

Depois de visitar toda a Quebrada, na Argentina, e antes de seguirmos para La Quiaca, na fronteira com a Bolívia, o próximo país que iríamos visitar, resolvemos passar por Purmamarca. 
Pumamarca está a somente 26 km de Tilcara, mas não é servida pela rodovia 9, o grande eixo que corta a Quebrada e leva à fronteira com a Bolívia. Para ir a Purmamarca é preciso sair da Ruta 9 e pegar a Ruta 52 que vai até San Antonio do Atacama, no Chile, passando por Salina Grande, outra atração muito visitada na região.
A Salina Grande, é um grande deserto de sal na Puna Argentina. Assim, o equivalente do Altiplano na Bolívia e Peru, as terras altas, a mais de 4.000 metros snm. A mesma estrada leva a San Pedro de Atacama no Chile.

Eu já fiz a mesma viagem de carro, até Suches, o último povoado antes da fronteira chilena. Ali há um hotelzinho e lugar para comer.

Estrada da Quebrada de Humahuaca, na Argenina, a San Pedro de Atacama, no Chile

Busão para Purmamarca

Para ir de Tilcara ir a Pumamarca tomamos um ônibus direto na rodoviária perto do hotel. A cidadezinha tem uma população de apenas  2 mil habitantes. Situa-se em um belo quadro natural de montanhas coloridas e vales desérticos de relevo acidentado. Atrai, portanto, visitantes do mundo todo. É a partir de Purmamarca é possível percorrer trilhas (infelizmente poeirentas…) nos desérticos vales vizinhos, onde fica o Cerro de las Siete Colores. Trata-se assim uma formação rochosa esculpida durante 75 milhões de anos pelo vento ou por raras, mas fortes tempestades que varrem a região.  Dessa forma, Purmamarca possui boas opções de hotéis e restaurantes. Ainda mais, ônibus vindos do Atacama (á 575 km!) param ali. Assim também, tornam o lugar ponto de encontro de mochileiros, que se instalam em hostels econômicos. Há alguns anos as opções de hospedagem eram fraquinhas. Hoje, entretanto, Purmamarca tem hotéis de boa categoria.

Purmamarca, Quebrada de Humahuaca

O problema da altitude, o apuniamento

Se você estiver de carro, saiba primeiramente que A Ruta 52 é uma saída à esquerda no começo da Ruta 9, uma centena de quilômetros depois de passar a localidade de Tumbaya.
 Em Tilcara estávamos a aproximadamente 2.450 m snm, um altitude que quase todo mundo consegue lidar bem. Para visitar Salina Grande teríamos entretanto, que subir a mais de 4.000 ms.
Nós, porém, nem sempre nos demos bem em lugares altos, como o Altiplano Peruano ou na Puna argentina (o mesmo planalto, com outro nome. No Peru o mal de altitude é chamado el soroche, na Argentina é o Apuniamento. A dor de cabeça provocada pela altitude é de pirar. Desde já aviso: falo com conhecimento de causa!

O chá de coca, ótimo contra o mal de altitude

Assim, tomámos seguidas xícaras de chá de coca, ou mascávamos algumas folhas de um maço que compramos no mercado de Purmamarca.  Compramos igualmente bicarbonato de sódio para ativar a salivação ao mascar as folhas de coca.

Purmamarca, junto da Quebrada de Humahuca, na Argentina

A paisagem seca e colorida de Purmamarca

A altitude de Purmamarca ( 2.600 m), ao lado da Quebrada de Humahuaca, na Argentina, não chega a incomodar ou impedir caminhadas de alguns quilômetros num ritmo maneiro. Tomamos, porém o cuidado de trazer conosco uma garrafinha d’água. Em suma: não há nada ali.
O que impressiona são as cores dos rochedos, em camadas de diferentes tons. Assim, o lado esquerdo da estrada sentido Salina Grande é ladeado por paredões coloridos.  

Purmamarca, ao lado da Quebrada de Humahuaca, na Argentina

Mal voltamos do passeio pelo Cerro de las Siete Colores, fomos abordados por um guia que, por uma quantia módica, costuma levas grupos de até quatro pessoas até Salina Grande. Um argentino e um australiano foram nossos companheiros de viagem.
Eu já fiz uma vez, de carro, essa estrada íngrime tortuosa, cansativa de guiar, mas com vistas deslumbrantes.

A estrada de Salina Grande até a Quebrada de Humahuaca

Salina Grande

A estrada de 26 km de extensão que vai da Quebrada de Humahuaca, na Argentina para Salina Grande, montanha acima impressiona. No caminho há muitos belvederes com vistas deslumbrantes, lugar onde é possível parar.
O ponto culminante dessa estrada da Quebrada de Humhuaca para Salina grand fica a 4.170 ms. Quando você atinge o Puna (o Altiplano) dá de cara com guanacos, primos da lhama, parados impassíveis junto à uma grande extensão de sal. 

Salina Grande, na Argentina

Um grande deserto de sal

Salina Grande, o grande deserto de sal situado na Puna pode ser visitada a partir da Quebrada de Humahuaca. A Salina fica a quatro mil metros snm e ocupa uma área de 525 km2. A camada de sal tem uma espessura que varia de 10 cm apenas a quase um metro. Abaixo dela existe um lago raso.
Em alguns lugares a camada de sal desaparece para ser substituída por pequenos lagos de água azulíssima. O leito do lago foi aos poucos sendo recoberto por uma crosta de sal e só é visível em umas poucas área da salina. 

No centro da salina existem mesmo algumas esculturas feitas de sal. O sal recolhido na salina tem diferentes serventias. Assim, o destinado aos animais é recolhido em uma área, o destinado a seres humanos, em outra.

Da Quebrada de Humahuaca, na Argentina, pode-se ir ao Chile, passando pela Salina Grande na puna

Se for guiar sobre a salina cuidado com a espessura do gelo

O argentino e o australiano, estavam, como nós, hospedados na Quebrada de Humahuaca. Assim, juntos contratamos carro e o guia para nos leva a Salina Grande. Muita gente, porém, chega a Salina por conta própria, alugando um carro, como eu fiz uma vez. Logo, muito cuidado, não se pode ir entrando e rodando com o veículos sobre qualquer lugar da Salina.

Salina Grande, pode ser visitada a partir da Quebrada de Humahuaca, na Argentina

Considere, portanto, que se espessura da capa de gelo for pequena, você afunda ali até os para-choques. Para retirar o carro depois não vai ser fácil. Um perrengue bravo!
Em suma, a melhor coisa é observar o que as vans de excursão estão fazendo e qual caminho estão tomando quando rodam sobre a camada branca de sal. É fácil, aliás, porque a circulação de veículos de alguma forma demarca onde fica a “estrada” e onde é seguro rodar.
Igualmente, em épocas chuvosas, após uma tempestade a salina pode virar novamente um lago,de 10 a 30 centímetros de profundidade, cobrindo toda a camada de sal. Portanto, muito cuidado.

Salina Grande, a mais de 4.000 msn, acessível da Quebrada de Humahuaca, na Argentina

Você vai prosseguir até o Chile?

Parte da estrada (A Ruta 52) que liga Purmamarca ao Chile passa bem do lado da salina. A última cidadezinha antes da fronteira chilena é Susques. É onde, portanto, onde quem vai para o Chile terá que a passar a noite. Da mesma forma, é igualmente onde você terá que abastecer o carro para encarar o longo caminho até San Pedro do Atacama.

Por último , pessoal uma dica á 4000 mil metros, faz frio e a salina fica situada em um planalto descampado, onde ás vezes venta muito.

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