Livro: A Vaca na Estrada

De Paris a Katmandu de carro – “A Vaca na Estrada” – Os marajás

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Mandawa

Mandawa é outra cidade do Rajastão, no Sekawate, que visitei em minhas andanças pela Índia Fiz essa viagem uns dez anos depois dessa aventura de carro de Paris a Katmandu. Lá, diversos havelis, em sua maioria abandonados, foram restaurados pelo governo. A ideia é abrir o Sekawate para o turismo. Por um preço super acessível, fiquei hospedado em um verdadeiro castelo.

Marajás do Rajastão

Os marajás existiram em toda a Índia. Mas suas mais belas residências e fortalezas abertas à visitação ficam principalmente no Rajastão. Essa é, aliás, a região da Índia onde eles foram particularmente poderosos. Ou seja, nos tempos coloniais, a situação interna de cada território, entregue a senhores absolutos. Tinham até mesmo poderes de vida e morte sobre milhões de súditos, era variada.

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Os déspotas esclarecidos e os tiranos

Certos marajás se enquadrariam na categoria de “déspotas esclarecidos”. Viveram na Europa (geralmente em Londres), foram igualmente educados nas melhores universidades da Inglaterra. Dessa forma, de cabeça mais aberta, procuraram desenvolver seus reinos. Em suma, oferecendo leis mais humanas e condições de vida muito superiores às das Índias sob administração britânica.

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Outros, entretanto, eram incultos, comportavam-se como meros tiranos, maníacos e cheios de taras, odiados por seus súditos. Alguns, aliás, governavam estados riquíssimos e tão grandes como certos países. Possuíam coleções de Rolls Royces, elefantes com presas incrustadas de ouro, tronos de ouro maciço e também centenas de concubinas em seus haréns.

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Marajás de todos os tipos

Muitos, entretanto, senhores de territórios pequenos como um sítio no interior do Brasil, não eram mais ricos do que um brasileiro de classe média alta de hoje em dia. Estive num “castelo” assim em Pushkar, uma cidade sagrada do Rajastão. O local fora igualmente transformado em hotel para turistas, como aconteceu com muitas antigas residências de marajás. Até a decoração em seu interior era simples. Em compensação outros espetaculares castelos, como por exemplo, em Udaipur, Johpur e Udaipur tinham um interior com decoração rebuscada. Talvez até, excessivamente rebuscada.

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A submissão à coroa inglesa

A submissão à coroa inglesa foi assim, para os marajás na Índia, uma forma de manter seus privilégios. Dessa forma, em 1877, na qualidade de leais súditos do Império Britânico, esses nobres aclamaram a rainha Vitória como Imperatriz das Índias. Para seduzi-los, os ingleses utilizaram uma arma que pode nos parecer infanti. Ou seja, garantiram sua fidelidade com medalhas, títulos e condecorações, consideradas por todos eles como sendo honrarias supremas.
Assim, tanto na Primeira como na Segunda Guerra Mundial, os marajás não apenas ofereceram soldados, ouro e armas à Inglaterra. Ou seja, não raro, os príncipes mais corajosos, recebendo patentes de oficiais, participaram eles também dos combates, à frente de suas tropas.

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O Marajá de Mandawa

Nessa minha viagem pelo Sekawate, aproveitei para conhecer os famosos havelis de Mandawa. Da mesma forma que em Jaisalmer, a cidade de Mandawa abrigava várias dessa antigas residências senhoriais. Datavam dos tempos das caravanas de camelos que cruzavam o deserto de Tahar. Não são, porém, habitados por seus ricos proprietários, que preferiram o conforto de Delhi. Ou seja, estão sendo igualmente, como os castelos, tranformados em hotéis.

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Com um orçamento de viagem um pouco mais folgado, hospedei-me em um castelo fortificado, também transformado em hotel. A diária, aliás, podia ser cara, em termos indianos, mas não demasiadamente. O preço de um hotel três estrelas em Paris, digamos. Uma de suas alas era ainda habitada pelo marajá. Ou seja, como aconteceu com vários outros em toda a região.

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Seu proprietário, um marajá que possui também um hotel em Londres, tem uma belíssima coleção de arte indiana, assunto que sempre me atraiu. Muito interessantes são suas miniaturas mogóis pintadas sobre lâminas de marfim e madeira, expostas numa pequena vitrine. O próprio marajá (os tempos mudaram…) negociava peças de arte com os turistas.

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A arte delicada do Sekawate

Já havia visto em Jaipur miniaturas como aquelas, mas não tão antigas como as do castelo de Mandawa. Não curto marfim. Comprei, entretanto, algumas belas pinturas sobre pequena tábulas de madeira, lindonas, super semelhantes ao marfim. Conversando com o marajá de Mandawa, pude aprender algo sobre a arte indiana. Nos primeiros tempos, a maioria dos artistas era da casta sudra, a mais baixa. Mais tarde, certamente por influência do pensamento budista do Império Mauria, que não aceitava o sistema de castas, as artes plásticas passaram a ser executadas por indianos de todas as castas.

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Dança Cósmica da Vida

Mesmo os príncipes hindus dedicaram-se às artes. Por isso perguntei ao marajá:
O senhor também é um artista?
Ele sorriu:
Não, sou apenas um colecionador.
Hoje, divirto-me ao pensar que estava batendo papo comum marajá, um príncipe. Em que outro país do mundo você conversa com um?

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Espetáculo de dança junto da fogueira

No castelo de Mandawa, depois de jantar, assisti, num páteo, junto de uma fogueira, a alguns dos espetáculos de danças tradicionais. As mais interessantes, aliás, que vi na Índia. Representações que podem ser vistas em templos sugerem que a dança era ligada às funções religiosas do Hinduísmo. É o caso, por exemplo da dança cósmica da vida de Shiva e sua esposa Parvati.
Essa arte é muito anterior ao Cristianismo: sua origem se perde nos tempos pré-védicos. Regras sobre a dança — naritta — também constam dos Sastra, juntamente com o canto — gayam.

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A dança na Índia

A dança é sempre precedida de orações, de saudações aos deuses, ao mestre ou guru e aos espectadores. Até o século XIX, as dançarinas dos templos, saídas das castas baixas, eram conhecidas como devadasi (“escravas dos deuses”). Ou seja, prostituíam-se em benefício do templo. Essa prática, porém, não estigmatizou a arte da dança. Afinal, ela estudada atualmente pelas jovens da burguesia urbana.

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As dançarinas indianas não usam calçados nem sapatilhas, como no balé ocidental. Mas, como neste, a arte exige dedicação total das meninas. Assim, começam a aprendê-la em tenra idade e passam a vida se aperfeiçoando. Não se trata apenas de movimentos de pernas e braços. A dança obriga igualmente igualmente o domínio de cada músculo, desde pés, mãos e dedos, até expressões faciais e olhares.

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