Livro: A Vaca na Estrada

025 De Paris a Katmandu de carro – “A Vaca na Estrada” – Delhi

Em Delhi

Hoje, quando vou a Delhi, viajo com minha companheira — aventureira como eu. Mais maduro (afinal, aventureiros não envelhecem, apenas amadurecem…), quero mais conforto. Tenho também condições financeiras um pouco melhores. Na época de minha primeira viagem à Índia, eu já era exigente no quesito limpeza. Mais, enfim, do que a maioria dos confrades da estrada. Hoje sou ainda mais. Os quartos podiam ser simples. porém, limpos!

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Que brasileiro chato…

Mesmo naqueles tempos, mochila nas costas, eu não conseguia entender a displicência dos indianos com relação à higiene. Não a corporal, já que eles costumam, como nós, igualmente tomar banho todos os dias. Falo das mesas engorduradas nos restaurantes, das pias de banheiro imundas nos hotéis. Assim, na maioria das vezes, quando eu chamava o proprietário ou o funcionário da recepção e exigia que limpassem a fundo meu banheiro, não entendiam. Não achavam, porém, que estivesse sujo. Ou seja, me olhavam como se eu fosse um extraterrestre. Que diabo de brasileiro chato!

O Ashok Yatri Niwas, em Nova Delhi

É ilustrativo, aliás um episódio, ocorrido em um gigantesco hotel do governo indiano em Nova Delhi. Fica próximo à Jan Path Road, em pleno centro. Antes de mais nada, esse hotel não era apenas para mochileiros duros. O estabelecimento recebia igualmente grupos de excursões econômicas. Na época, era frequentado também pela classe média indiana que viajava a negócios. Ou seja, tinha, os méritos de ser bem situado e ter um restaurante. Possuía, também uma cafeteria aberta a noite toda. Ou seja, algo útil quando se desembarca em Delhi às duas da manhã. Ainda mais, como era enorme, quase sempre tinha quartos, bem simples, vagos.

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Curiosas experiências no Ashok

Certa vez, após fazer o check-in, fui informado de que podia subir com a bagagem. Informaram, igualmente, que iriam mandar um faxineiro limpar o quarto, recém-desocupado. Assim, pouco depois chegou o empregado. Enquanto eu esperava sentado na cama junto à minha bagagem, o homem limpou o vaso sanitário com a toalha de rosto usada pelo hóspede que deixara o quarto. Claro, ela ia para a lavanderia, mas mesmo assim, usar uma toalha de rosto para limpar um vaso sanitário… É demais! Felizmente, assim, sempre levo minhas próprias toalhas em viagens e as uso quando suspeito da higiene.

O Ashok totalmente reformado

Anos depois esse hotel onde me hospedava em Nova Delhi, nas minhas primeiras viagens à Índia, foi totalmente reformado. Ou seja, foi super bem decorado, ganhou piscina, bistrot. Subiu, portanto, suas estrelinhas, tornou-se elegante. Claro, o preço das diárias subiu. Mas, mesmo assim, pela qualidade e localização do hotel junto à Jan Path Road, o custo benefício era ótimo. Vou até deixar contato: Ashok Yatri Niwas – 19 Ashok Road, Delhi, 110 001 – Telefone: +91 (0) 1133 24422

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As pecularidades dos hotéis na Índia

Outra surpresa no mesmo hotel, durante outra viagem, foi, ainda de madrugada. Eu estava dormindo ao lado de uma namorada. Escutei barulho. Abri os olhos e vi o faxineiro dentro do quarto, varrendo o chão. Em suma, ele entrou sem pedir licença e, enquanto dormíamos, foi arrumando o quarto! Depois descobrimos que, embora tivéssemos passado a chave por dentro, a porta podia ser aberta por fora. Dessa forma, para impedir que alguém entrasse no quarto, era preciso trancá-la com um trinco de correr.
Falando em hotéis, a Índia também proporciona surpresas agradáveis. Para mim a melhor delas foi em Udaipur, no Rajastão. Pude hospedar-me pela primeira vez em um haveli. Esses antigos palácios da nobreza rajastani, foram transformados em hotéis.. Impossível, aliás, esquecer aquela vista do lago Pichola ao por do sol.

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O Red Fort

Um dos lugares de que mais gosto na Velha Delhi é o Red Fort. Trata-se da colossal fortaleza de pedras vermelhas construída pelo Grão-Mogol Shah Jahan entre 1636 e 1648. O Red Fort foi utilizado pelos ingleses durante a colonização. Protegido por uma muralha de altura variável entre 16m e 33m e com 2,5 km de comprimento, o forte atrai, assim, milhões de visitantes. No seu interior existem diversos edifícios administrativos, além de inúmeros pavilhões construídos totalmente em mármore.

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Um gigantesco conjunto

No primeiro dos conjuntos funciona igualmente uma espécie de galeria. Ali funcionam lojas de roupas, prataria e artesanato. Frequentemente, os preços são melhores do que os praticados na Jan Path Road. Atravessando a galeria, você sai em um enorme jardim. Ali existem espelhos d’água desviada do rio Yamuna. É onde ficam pavilhões de mármore ricamente esculpidos.
O Red Fort é um dos símbolos da Índia. Assim, é onde o primeiro-ministro discursa anualmente na data nacional. Por isso foi, assim, escolhido como alvo de terroristas do grupo islâmico separatista Lashkar-e-Taiba. (O Exército de Deus). No atentado no ano 2000, duas pessoas morreram.

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A Revolta dos Cipaios

Foi no Red Fort que os ingleses se refugiaram durante a Revolta dos cipaios. Os cipaios eram tropas nativas, aliastadas nas tropas imperiais. No final da década de 1850 revoltaram-se contra seus oficiais em vários pontos da colônia. Aliás a soldadesca massacrou não apenas a oficialidade britânica. Mataram também suas mulheres e crianças. Foram os príncipes indianos que, com seus soldados, vieram em socorro dos ingleses.

De Paris a Katmandu de carro – “A Vaca na Estrada” – Delhi 3 – Revolta dos Cipaios

Os marajás amigos

Os marajás colaboraram decididamente para salvar o Império Britânico das Índias. Nunca passou pela cabeça desses homens que estavam perdendo a grande oportunidade de libertar o subcontinente do domínio inglês. Por que não o fizeram? Os príncipes fiéis à coroa britânica não queriam uma Índia independente e democrática. Afinal, com o país independente e democrático, sem os ingleses para protegê-los, a mamata iria acabar.

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Marajás, em sintonia com os ingleses

O oportunismo dos marajás

Morriam, portanto, de medo do povão e desejavam apenas manter o status quo e seus privilégios. Além disso, não havia na época um “sentimento nacional” indiano. Em suma, cada reino era um pequeno país, com sua própria identidade cultural. A revolta dos soldados não foi, portanto, resultado de qualquer sentimento nativist. Ela ocorreu por outros motivos. Entre eles o uso de graxa animal bovina e suína na lubrificação de cartuchos. Ou seja, dupla afronta. Afinal, a vaca é sagrada para os hindus e o porco, impuro para os muçulmanos.

Circulando por Delhi

Nessa primeira vez em que cheguei à Índia com Bernard aposentamos o carro. Ou seja, apelamos para um transporte comum e barato. Começamos inicialmente com o riquixá. Há na Índia dois tipos de riquixá (rickshaw): o scooter, com motor de lambreta, e o riquixá bicicleta. São triciclos com um banco para passageiros atrás. Ambos, portanto, são usados como táxis. Utilizamos, porém, apenas duas vezes o riquixá-bicicleta.

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O rick-shaw bicicleta

Confesso que nos sentimos mal ao ver o indiano raquítico tentando pedalar ladeira acima, Assim, descemos do veículo para ajudá-lo. Uma vez, aliás, movido pela curiosidade, pedi ao dono de um desses riquixás que me deixasse conduzi-lo. Era de ferro, pesadíssimo, até sem passageiro. A partir daí deixei de utilizá-lo. Não vale a pena nem mesmo para fazer economia, pelo menos para os turistas. Afinal, até porque não se pode, em sã consciência, barganhar umas poucas rúpias com alguém tão pobre, que exerce um trabalho tão penoso.

Experiência inesquecível

Mas, não se deve ir à Índia sem subir pelo menos uma vez em um riquixá-scooter. Este, motorizado, tem teto de lona. Sua lateral possui apenas uma cortina plástica que pode ser fechada quando chove. Enfim, quebra um galho se a chuva for fraca. Mas, no caso de um temporal, você pode ficar encharcado. Quando comecei a viajar com mais conforto, a trabalho, escrevendo reportagens turísticas, passei a contratar um riquixá-scooter para o dia todo. Na India, aliás, sai barato.

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A vantagens ro rick-shaw scooter

A maior vantagem é que no trânsito da Velha Delhi a engenhoca é agil. Ou seja, consegue passar entre pessoas, bicicletas, automóveis, charretes, vacas e caminhões. Já cruzei, porém, com turistas que se feriram em riquixás. Aliás, mesmo sem o veículo ter sofrido qualquer colisão. Um brasileiro, por exemplo, machucou o joelho, que deixara meio para fora. A maioria dos riquixás não tem proteção lateral. Dessa forma, para andar neles é melhor não colocar nem a ponta do nariz para fora.

No início alguns se assustam…

O que ninguém consegue deixar de pensar ao subir em um riquixá, é na fragilidade do veículo. Em caso de batida, na melhor das hipóteses você será atirado longe. Felizmente isso nunca aconteceu comigo. Para ser franco, nunca vi um acidente com os ágeis riquixás, que conseguem desviar muito rapidamente de qualquer coisa que venha em sua direção.

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O Scooter rick-shaw que quase nos faz perder o avião em Delhi

Para distâncias maiores, como ir do centro ao aeroporto de Nova Delhi, sempre tomei táxi. Uma vez, porém, tendo que embarcar para a Europa de madrugada, não achei táxi disponível. No desespero, atrasados, minha namorada e eu tomamos um riquixá que passava. Tivemos, assim, que colocar as mochilas no colo. O scooter rodava muito vagarosamente. Mas, apesar de estarmos atrasados, não adiantava pedir que o condutor acelerasse. Afinal, o motor parecia estar a ponto de fundir. Por duas vezes o motor morreu e o motorista teve que mexer nas engrenagens. Nós, preocupados, olhávamos para o relógio…

Foi por pouco que não perdemos o avião, um charter com data de embarque fixa. Pior, estávamos com pouco dinheiro, aguardando uma remessa de dólares que receberíamos em Paris. Se perdêssemos esse avião, não sei como iríamos conseguir comprar outras passagens, já que cartões de crédito de validade internacional quase não existiam no Brasil. Sagrado e inesquecível scooter!

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Jamah Masjid

Em frente ao Red Fort, junto à Chandi Chowk, principal rua de Old Delhi, fica a gigantesca mesquita Jamah Masjid. Foi construída em estilo mogol e terminada em 1658. Nela foram utilizadas pedras vermelhas, como o Red Fort. A famosa mesquita possui cúpulas em mármore branco e negro e minaretes de 40m de altura. É delas que o mulá chama os fiéis para rezar e inferniza o sono dos infiéis. Uma das coisas que aprendi em minhas viagens pelo Oriente foi não me hospedar ao lado de mesquitas. Afinal, ainda de madrugada, quando você está no melhor de seu sono, os mulás chamam os fiéis para suas orações. Em suma, despertando todo mundo em nome de Allah.

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Um círco dos horrores

Em volta da mesquita Jamah Masjid, na Velha Delhi, há uma grande concentração de mendigos. Eles praticamente cercam o visitante. Um verdadeiro circo de horrores. Em suma, cada pedinte mostra seu aleijão ou suas feridas purulentas, disputando o direito de impressionar os passantes. “Olhe a minha ferida, é pior do que a dele. Lepra autêntica! Dê-me umas rúpias.”

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Cena inesquecível

Uma amiga que viajou comigo pela Índia vivia reclamando de tudo. Quando a levei visitar a mesquita se chocou com o espetáculo. Caiu em prantos quando visitamos o lugar. Em suma, ela quase saiu correndo depois de ter sido cercada por pedintes. Todos lhe exibiam suas chagas e tocos de braços. Só teve um lado prático. Depois disso, minhha amiguinha não se chocou com mais nada, nem se queixou de coisa alguma. Apenas comentou comigo que nunca se esqueceria da cena.

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As muitas mesquistas da Índia

Quem ninguém se espante ao ver tantas mesquitas na Índia. Depois dos hindus, a segunda maior comunidade do país é, aliás, a muçulmana. O Islamismo chegou ao Vale do Indo por meio das expedições mogóis. Estes visavam em especial o saque e a pilhagem. Foi principalmente a partir das primeiras décadas do século XVI que o Islamismo dominou o norte da Índia. Cidades como Agra, onde fica o Taj Mahal, foram centros mogois.

Comer na Índia

Viajando pelo país pela primeira vez, eu comia frequentemente em quiosques e banquinhas de rua. Alguns, aliás, de aparência duvidosa. Às vezes, porém, estava cansado dos bolinhos apimentados e disposto a gastar. Assim, procurava restaurantes dignos desse nome. Nas grandes cidades, as opções se multiplicavam. Em Delhi, eu podia comer até hambúrgueres de cabrito e pizzas — medíocres. Porém, ao sair dos lugares mais frequentados por estrangeiros, tudo mudava. Curry de novo…

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Culinária diversificada

A culinária na Índia é bem diversificada e rica. No dia a dia, porém, principalmente no sul e no interior do país, os indianos comuns acabam tendo um menu restrito. O arroz, por exemplo, sempre está presente. Quando viajava com amigos franceses, eles reclamavam: “Arroz de novo?” Também era constante no cardápio um curry de legumes, sempre igual.

Os costumes indianos nas refeições

Os indianos mais simples não costumam, porém, fazer das refeições atos sociais. Ou seja, comem depressa, apenas para matar a fome, sem conversar muito. Repare, porém, que esse comportamento não vale para os indianos mais sofisticados, que habitam grandes cidades. Estes se reúnem com a família ou com amigos em restaurantes de Nova Delhi ou Mumbay. Fazem, assim, da refeição um evento social. Ou seja, como nós, ocidentais, quando vamos “jantar fora” ou recebemos amigos. A propósito, aliás, sempre me chamou a atenção a presença de famílias inteiras com crianças, tarde da noite, nos restaurantes. Um costume menos comum no Brasil.

O casal assassino

Frequentei diversos restaurantes em Nova Delhi. Alguns dos melhores ficam na Connaught Place. O United Coffee House tornou-se, assim, um dos meus preferidos desde a primeira vez que estive na Índia. Habitué, fiz amizade com o mâitre. Este um dia nos convidou — a mim e à minha namorada — a jantar em sua casa e conhecer sua família.
Eu conhecera o United nessa minha primeira viagem à Índia, com Bernard. Anos depois, caiu nas minhas mãos o livro La tracée du serpent. A obra narra a história real do francês Alain e de sua namorada canadense Monique. Os dois foram responsáveis pelo assassinato de vários jovens estrangeiros que viajavam pela Índia. Devemos ter, portanto, esbarrado nesses dois!

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Os métodos do casal

De acordo com o livro, o casal frequentava o United mais ou menos na época que eu comecei a fazê-lo. Monique insinuava-se, seduzia. No momento oportuno, Alain matava a vítima, ficando com dinheiro, documentos e cheques de viagem do infeliz. A dupla agiu durante muito tempo na Índia, no Nepal e na Tailândia até ser capturada. Assisti a um documentário na TV sobre o casal. Arrepiei-me, portanto, ao pensar que poderíamos, eu ou Bernard, em algum momento tê-los na mesa ao nosso lado.

Nota do Autor: Os crimes cometidos pelo casal viraram livro e filme. Aliás, hoje no Netflix se você procurar por “A Serpente e o Paraíso” encontrará o filme. É toda uma série sobre esses dois personagens malígnos.

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Sigam esta aventura de carro pelas estradas da Ásia. Atravesse o Oriente mágico e éxotico que encantou milhares de jovens europeus. Uma experiência vivida pelo autor do livro “A Vaca na Estrada” por países como Turquia, Irã, Afeganistão, Paquistão, ÍndiaNepal


Veja a continuação desta postagem:
Agra

Explicação necessária:

Como estive diversas vezes no país, o livro “A Vaca na Estrada”, inclui igualmente temas socio-culturais. Falo também de algumas experiências vividas em outras viagens pelo subcontinente indiano.
Mumbay – Goa  – Os marajáso controle da natalidade – Arte na ÍndiaRajastão 1Rajastão 2 – Casamento à indianaViagem de trem na ÍndiaAs castas A colonização inglesa Gandhi  – Costumes, cultura Shiva e Jesu

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