Cultura geral

O cinema indiano

Cinema indiano, uma instituição

Uma tarde no cinema

A primeira vez que fui ao cinema assistir a um filme indiano em Delhi, fiquei surpreso. Em suma, não imaginava ter que reservar lugar. Depois fiquei sabendo que os cinemas ficam lotados quando são exibidos determinados filmes. Algumas sessões, em imensas salas de exibição, são vistas por mais de mil pessoas.
Fiquei confuso diante da enorme variedade de preços dos ingressos, que mudavam segundo a localização e o tipo de poltrona. Ou seja plateia, balcão, camarote. Essa diferença permite aos pobres, pagando pouco, ver o filme – e, aos ricos, manter a “plebe” afastada de si.

De Paris a Katmandu de carro – “A Vaca na Estrada” – Delhi2

Curtindo chanchada

O filme, entretanto, era uma chanchada daquelas. Mesmo assim, era estrelada por um dos atores mais famosos do cinema indiano. Um verdadeiro herói nacional! Os artistas por lá são quase deuses. Quase todos, aliás, têm pele muito mais clara do que a maioria da população indiana. Alguns, igualmente, têm olhos claros algo também raro no país. São “brancos” como os brasileiros de origem europeia.

De Paris a Katmandu de carro – “A Vaca na Estrada” – Delhi 2

O pudor vitoriano dos filmes indianos

É engraçado também que os astros e as estrelas não se beijem, nem nas cenas mais românticas. Beijo na boca é praticamente considerado um ato sexual para a platéia. Enfim, sempre que fui ao cinema na Índia, não estava apenas tentando me distrair. Mas, sobretudo matando minha curiosidade e querendo entender um pouco mais a mentalidade do povo indiano.

O cinema indiano é uma instituição

Não dá para ir à Índia e deixar de assistir a um filme. A maioria deles é em língua hindi. Felizmente, possuem legendas em inglês. A maioria dessas películas é produzida em Mumbai, na chamada Bollywood. Mas, há centros cinematográficos em outros lugares. Há filmes rodados, por exemplo, em Bengala ou Madras, que produzem filmes em outros idiomas. Em termos brasileiros, seria como se tivéssemos filmes em idiomas “paulista”, “baiano” e “paranaense”. A Índia é, enfim, o maior produtor mundial de filmes. Ou seja, entre 700 e 1.000 por ano, algo que muita gente ignora. Afinal, só a população do país é de aproximadamente cinco vez a nossa. É espectador que não acaba mais!

De Paris a Katmandu de carro – “A Vaca na Estrada” – Delhi 2

Os bons filmes indianos

Diretores indianos têm produzido ótimos filmes, como Monsoon Wedding “Casamento à Indiana”) e Family Name (“Nome de Família”). Este último, da diretora Mira Nair, tem por tema o conflito de gerações de uma família indiana fixada nos Estados Unidos. Outra diretora de excepcional valor, que vive no Canadá desde 1973, é Deepa Mehta. Seus filmes, abordam temas polêmicos. Assim, têm sido censurados na Índia, onde provocam reações violentas de grupos conservadores.

Fire: lesbianismo, um tema delicado na índia

Assim aconteceu com Fire que, por abordar o lesbianismo, teve seu cenário destruído por hindus ultrarreligiosos. Os radicais chegaram a ameaçar também atear fogo nos cinemas que exibissem filmes de Deepa Mehta. O filme Slumdog Millionaire (“Quem quer ser um milionário?”), embora ambientado na Índia, é uma produção britânica. Fez muito sucesso em vários países, entre eles o Brasil, mas não agradou a muitos indianos.

De Paris a Katmandu de carro – “A Vaca na Estrada” – Delhi 2

Muitos filmes, mas a maioria fraquinhos

Alguns filmes indianos são muito muito bons. A grande maioria, porém, não passam de dramalhões cansativos. São repletos de clichês exagerados. Há sempre o bom e o malvado. Temos ainda o desajeitado e o herói. Temos também a moça rica e cheia de caprichos, o amor impossível. Em um dos filmes a que assisti, a heroína, obrigada a casar-se com o vilão, resolve tomar veneno. Tira então da bolsa um vidro onde está escrito em letras garrafais: POISON. Alguém já viu um vidro desses, a não ser em um desenho animado de Tom e Jerry? A plateia grita. A jovem vai levar o frasco à boca. Ai chega o herói bonitão e arranca-o de sua mão. A plateia aplaude. Duas mulheres, uma fileira à minha frente, soluçam. Para mim, aquilo era mais uma comédia… Foi difícil não rir. Se o fizesse, talvez me expulsassem do cinema.

De Paris a Katmandu de carro – “A Vaca na Estrada” – Delhi 2

Os esteriótipos

Até mesmo os enormes cartazes que anunciam os filmes são estereotipados. Ou seja, uma mulher sensualíssima, com generoso decote. Ao seu lado um bandido com uma faca e uma tremenda cara de mau-caráter. A inverossimilhança é outra das marcas registradas de Bollywood.
Lembro-me, por exemplo, do personagem representado pelo veterano superstar Amitabh Bachchan. Fazia papel de investigador de polícia. Utilizava em seu trabalho nada menos do que um Camaro vermelho conversível. Isso em uma época em que os carros no país eram, via de regra, os Ambassadores antigões. Ninguém, aliás, parava para pensar em certas realidades. Em outras palavras, nem se economizasse toda sua vida um modesto policial indiano teria meios de comprar um automóvel daqueles. Só se ganhasse na loteria! Mas o público, porém, não estava em um pouco preocupado com isso. Achava o máximo o herói em seu carrão de luxo ir quebrando a cara de bandidos. às vezes meia dúzia de uma vez!

De Paris a Katmandu de carro – “A Vaca na Estrada” – Delhi 2 – Amitabh Bachchan

Os musicais

O gosto pelos musicais também predomina, chama a atenção. É, enfim, uma característica marcante do cinema na Índia. Ou seja, é comum que no meio de uma cena, sem nenhuma só conexão aparente com o enredo, comece uma sessão de música. Todo mundo repentinamente começa a cantar e a dançar. Depois, sem mais nem menos, o filme continua. That’s Bollywood!

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Nosso destino nessa viagem de carro, espinha dorsal do livro “A Vaca na Estrada” de Paris ao Nepal, seria Katmandu. Da Europa passaríamos pela TurquiaIrãAfeganistão, Paquistão e ÍndiaAntes, porém, de seguir para o Nepal fomos visitando outros lugares na Índia. Aliás, como estive diversas vezes no país, o livro “A Vaca na Estrada”, inclui igualmente algumas experiências vividas em outras viagens pelo subcontinente indiano.
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