Livro; O Ouro Maldito dos Incas

006 Anno de 1528 – “O Ouro Maldito dos Incas” – Deixando Gorgona

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“O Ouro Maldito dos Incas” – Deixando Gorgona

Uma nova expedição ao “Biru” – Deixando Gorgona

Enfim, estávamos deixando Gorgona. Estávamos em março de 1528 . Depois de meses de expectativa, chegaram, afinal, os reforços enviados do Panamá por Almagro. Dessa forma, toda a tropa, sob o comando de Francisco Pizarro, finalmente deixamos Gorgona. Assim, do barco olhávamos para a ilha, que, graça a Deus, felizmente, ia ficando cada vez mais longe, até sumi, enfim, na névoa da manhã.

“O Ouro Maldito dos Incas” – Deixando Gorgona

Maldita ilha! Em suma, além da penúria que enfrentamos durante meses nessa nova expedição, nos sentíramos, igualmente, como prisioneiros, sem poder voltar ao Panamá ou prosseguir a viagem. Ou seja, não tínhamos nada para fazer o dia inteiro, exceto olhar para as caras macilentas uns dos outros. Afinal, ao contrário dos animais, os humanos não conseguem ficar ociosos; Logo, o tédio nos mata. Comentei com o grego Pedro de Candía, ao meu lado, que a sensação de estar na caravela nos afastando de Gorgona.
Certamente, como a de estar fugindo do inferno. Aliás, deve ser pior…

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O Ouro Maldito dos Incas” Deixando Gorgona


– Sabe o que são as górgonas na Grécia?
Eu nem imaginava.
– São criaturas horrendas de nossos velhos mitos gregos. Uma delas, a Medusa, aliás, tem serpentes no lugar dos cabelos.
Gorgona é, portanto um nome , apropriado para essa maldita ilha cheia de cobras! Ou seja, um inferno!
O grego riu:
Definitivamente!

“O Ouro Maldito dos Incas” Deixando Gorgona

Primeira expedição: deixando Gorgona

Ao deixar Gorgona, a nova expedição seguiu, assim, em primeiro lugar para o sul. Dessa forma, descemos até um lugarejo chamado Tumbes no extremo norte do território. Aliás, esse litoral que ainda conhecíamos como” Pirú”, já fora, porém, mencionado pelos índios que capturáramos para servir de intérpretes. Enfim, um dos soldados que acompanhara Vasco Núñez de Balboa. Balboa era, aliás, o primeiro a percorrer trechos desse litoral desértico. Disse, assim, que o nome daquela região fora atribuído erroneamente. Ou seja, os espanhóis que chegaram ali teriam confundido o nome do lugar com o e um cacique chamado Birú. Apesar de constatado o erro, a palavra entretanto pegou. Em suma, ao que parece, o nome Pirú nunca existiu…

“O Ouro Maldito dos Incas” litoral desértico do Peru

Francisco Pizarro Gonzáles

Está mais do que na hora, enfim, de falar de Pizarro. Era um homem calado, igualmente teimoso e de olhar triste. Quando eu o conheci, ele devia ter pelo menos cinquenta anos. Analfabeto e de origem pobre, era filho bastardo de um capitão espanhol com uma lavadeira. Francisco Pizarro González, sem cultura, era, porém, muito esperto. Tinha o tipo físico comum de muitos estremadurenho: narigudo, alto e magro.

“O Ouro Maldito dos Incas” Deixando Gorgona

Tratador de porcos?

Corria o boato de que, até seu pai lhe oferecer uma oportunidade de ingressar na carreira militar, Francisco trabalhava como tratador de porcos. Ou seja, essa era a versão difundida por seus principais detratores, que, aliás, não eram poucos. Como soldado, Pizarro acabou, assim, indo parar no Panamá, onde participou da primeira expedição de Vasco Núñez de Balboa ao Mar do Sul.
Homem simples, porém, esperto e determinado, ele era, como eu, resolvido a ser alguém. Afinal, eu também parti em busca de poder e glória. Sei, como ele sabia, que para sre respeitado é preciso muito ouro. Ou seja, não se tem poder nem glória sem esse metal dourado.

“O Ouro Maldito dos Incas” – Deixando GorgonaFrancisco Pizarro

A personalidade de Pizarro

Sobre nosso capitão, posso dizer – pois o conheci bastante bem, em momentos bons e nos mais difíceis – que era duro com seus comandados quando preciso e generoso quando lhe convinha. Era corajoso. Nunca mandava um de seus comandados fazer algo que ele próprio considerasse acima de suas forças. Muitos o detestavam e o consideravam perigoso.

Um homem cruel?

Eu não o achava desnecessariamente cruel; ele não fazia maldades gratuitas a ninguém. Mas, quem se metesse em seu caminho, que não esperasse piedade.
Em Nombre de Dios, muitos diziam que Pizarro não era um homem leal: servira a Núñez de Balboa, genro do Governador do Panamá, Pedro Arias D’Ávila, o “Pedrarias”, considerado um homem cruel.

“O Ouro Maldito dos Incas” Deixando GorgonaVasco Núñez de Balboa

Um cumpridor de ordens

Posteriormente, obedecendo às ordens do Governador, conhecido por sua crueldade, capturou seu antigo chefe e o levou ao cadafalso. O que sei é que Francisco Pizarro era um militar. Assim, mandavam-no prender, ele prendia; mandavam ele matar, matava. Não porque fosse mau, mas porque cumpria ordens. Aliás, ele mesmo dizia: militar não precisa pensar muito, só precisa obedecer.

Os sócios de Pizarro eram Diego de Almagro, um militar seu amigo, também analfabeto, e o clérigo Fernando de Luque. Este, porém, nunca colocou os pés fora da colônia estabelecida no Panamá. Enfim, cuidou principalmente de conseguir dinheiro para o empreendimento.

“O Ouro Maldito dos Incas” Deixando GorgonaOs sócios rivais

Bem recebidos

Tivemos sorte. Ou seja, deparamos de novo com jangadas, a algumas léguas de Tumbes. Conseguimos, assim, mais uma vez, convencer os nativos a subir a bordo. Ainda mais, nos levaram até sua aldeia, onde desembarcaram. Da praia, uma multidão mirava, assombrada, nossos navios e, para seu espanto, via gente de sua tribo saindo deles.
Pouco mais tarde, fomos cercados por jangadas com presentes preciosos para nós. Em outras palavras: frutas e animais que lembravam cordeiros de longos pescoços que chamávamos de “cordeiros”, embora não fossem…

“O Ouro Maldito dos Incas” Deixando Gorgona

Para nós, sempre esfomeados, esses presentes foram dessa forma uma bênção. Descobrimos, aliás, que, assados, os bichos eram bastante saborosos. Sua carne era branca, de sabor suave. E, ainda mais, menos gordurosa que a do carneiro.Esses animais produziam igualmente boa lã, aproveitada pelos índios para fazer roupas e mantas.

“O Ouro Maldito dos Incas” Deixando Gorgona

Respeito, muchachos!

As instruções de Pizarro foram, entretanto, severas. Precisávamos do apoio dos nativos. Portanto, infeliz daquele que os roubasse, molestasse suas mulheres ou, de qualquer forma, se indispusesse com eles. Por meio de gestos Pizarro garantiu, assim, aos índios que os respeitaria. Procurando agradá-los, enviou-lhe, ainda mais, presentes como facas e outros objetos de ferro, metal que eles não conheciam. Alguns espertos tocaram suas facas vagabundas de ferro por enfeites de ouro. Dessa forma, o convés do navio virou um mercado!

“O Ouro Maldito dos Incas” Deixando Gorgona

Alonso Molina

Tanto meu primo como eu estávamos ansiosos para desembarcar e ser incumbidos da tarefa de levar os presentes, mas Pizarro desconfiava de Pablo. Em sua, julgava-o um desmiolado. Devia, portanto, temer que meu primo se mostrasse demasiadamente ousado com as nativas. Ou seja, pusesse a perder seus esforços. Um dos escolhidos foi Alonso de Molina. O outro foi um escravo africano. Quando
voltaram, Alonso trazia consigo uma bela dozela índia. Ele 32 impressionara com a moça e a ganhara de presente. Nós, sem mulher havia muito tempo, olhamos a nativa com visível interesse. Alguns queriam tocá-la. Alonso levou a mão ao punhal.

“O Ouro Maldito dos Incas” Deixando Gorgona

Eu mato o filho da puta que se aproximar dela!
Pizarro não queria encrenca e interferiu:
A mulher é dele, que a ganhou. Vocês a respeitem!
O negro não voltara com mulher, mas fizera sucesso com os nativos, que, ignorantes sobre a existência de homens de pele tão escura, lhe pediram que molhasse a mão na água para testar se sua “tinta” sairia.
Molina contou que demonstrara aos índios o poder de fogo do arcabuz. Para isso despedaçou um cacto com um tiro certeiro.
Muitos ficaram tão assustados que se jogaram no chão, outros saíram correndo – disse.

Boas informações

O relato da visita de Alonso e do negro nos deu boas informações sobre os nativos do lugar. Sua aldeia era bem organizada; as casas, em sua maioria simples, eram limpas, mas de pedra. Havia, igualmente, um templo, um fortim e rebanhos desses “cordeiros” que mencionei. Pelo que percebi todas as aldeias tinham seus rebanhos desses animais, que lhes forneciam comida e lã.

“O Ouro Maldito dos Incas” Deixando Gorgona

Passaram a impressão de ser um povo trabalhador. Os objetos de ouro eram igualmente numerosos. Aparentemente, o metal precioso era, portanto, abundante naquelas paragens.
Molina panhou uma estatueta dourdo e perguntou a um dos indigenas de onde vinha esse ouro todo. O nativo apontou as montanhas ao fundo. Mais uma informação!

“O Ouro Maldito dos Incas” Deixando Gorgona

O que temos a fazer, disse Pizarro com ar pensativo, é voltar com mais tropas, cavalos e armas. Creio, aliás, que tem que haver muito ouro montanha acima. Ou seja, ouro não cai do céu. Ou seja, esses índios devem ter grandes minas em algum lugar.
Antes de partirmos, porém, o capitão resolveu mandar outro marinheiro, o grego Pedro de Candía fazer um novo reconhecimento na aldeia indígena. Pedro, afinal, era muito mais esperto do que Molina e o negro. Dessa forma, Candía conseguiu, assim, visitar um templo. Ali onde foi recebido por mulheres chamadas de “Virgens do Sol”.

Eram jovens muito bonitas dedicadas ao culto do deus dessa gente, o deus-sol. Elas lhe mostraram igualmente o interior do santuário, cujas paredes e teto eram inteiramente revestidas de placas de ouro. Ao se despedir dos índios o grego foi presenteado com um desses cordeiros da terra. Molina, que o vira chegando com o animal, lambeu os beiços.

Vamos passar bem…

Esses bichos são deliciosos. Vamos passar bem.
Candía, que piscara de modo cúmplice para Pizarro, puxou para si o animal que mantinha preso por uma corda no pescoço.
Como assim, “vamos”? Você não dividiu sua índia. Por que irei dividir meu cordeiro?

“O Ouro Maldito dos Incas” lhama

Pizarro parou junto de Candía, muito curioso ao saber do templo coberto pelo metal precioso.
Era ouro ? Ou seja, tem mesmo certeza? – indagou Pizarro a Pedro de Candía.
Capitão… Acha que não sei reconhecer ouro? Logo eu...
Pizarro sorriu. O grego, afinal, era capaz de reconhecer ouro até pelo cheiro.
Com a debandada desses covardes que voltaram para o Panamá, não somos, entretanto, fortes o suficiente para enfrentar essas tribos. Se perceberem nossas intenções, logo os nativos se organizarão para se defenderem. Chamarão reforços. Estamos apenas conhecendo o país deles.

“O Ouro Maldito dos Incas”

Para atacar, precisamos de mais homens.
Naquela tarde, Candía, que desenhava muito bem, reproduziu a cidade sobre um pedaço de lona. Mostyrou o povoado indígena, mostrando-o com suas torres, muros, o templo que visitara, além de casas de casas de pedra. Fiquei impressionado.

Siga o relato:

Como um analfabeto no comando de menos de duzentos homens, com pouca ou nenhuma experiência militar, conseguiu dominar um império de doze milhões de pessoas ?

Siga a continuação desta postagem: Volta ao Panamá

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