
Um giro pela cidade: Katmandu de bicicleta
Estávamos impacientes para dar nosso primeiro giro pela cidade. Poderíamos fazê-lo a pé, mas preferimos visitar Katmandu de bicicleta. Logo tomamos uma ducha, trocamos as túnicas empoeiradas e saímos para aproveitar as últimas horas de luz.
Já havíamos lido em nosso guia boas dicas sobre a vantagem de se alugar bicicleta. Não apenas em Katmandu, aliás, mas mesmo nas suas proximidades. Ou seja, para apreciar igualmente as vistas panorâmicas do Vale de Katmandu. É, aliás, o que todo mundo faz.

Assim, sem pensar duas vezes, alugamos duas biciletas na esquina da Freak’s Street com a New Road para percorrer Katmandu. Logo partimos pedalando rumo à Durbar Square É onde ficam os templos. Durbar Square significa “praça do palácio” e corresponde ao centro histórico das cidades. Aliás, em todas cidades nepalesas há Durbar Square. Essas grandes praças sempre repleta de belos templos é igualmente uma orientação para nos localizamos na cidade.

Durbar Square de Katmandu e arredores
Durbar Square é sempre a praça central nas cidades nepalesas maiores. É assim em Katmandu, mas igualmente en Patan e Bhaktapur, outras cidades reais do Vale de Katmandu.
Do outro lado da avenida, erguia-se um edifício branco com colunas em estilo neoclássico, totalmente destoante da arquitetura local. O imponente imóvel foi, durante muito tempo, moradia do residente e “conselheiro” britânico em Katmandu. No Nepal, a influência inglesa foi pequena. Afinal, os britânicos nunca realmente ocuparam militarmente o país. Só acompanhavam os acontecimentos, observavam. Aliás, a residência do mandatário inglês dá fundos para o antigo palácio real. De lá ficavam, portanto, de olho…

A praça do mercado
Entre a Freak’s Street em Katmandu e o Durbar Square fica uma grande praça. Ali funcionava um ativo mercado de rua onde vendiam um pouco de tudo. A praça era assim um enorme palco, um festival. Quem não tivesse nada para fazer podia sentar-se no banco junto à uma antiga fonte e, comodamente, apreciar o moviment. Dessa forma assistir ao show gratuito do circo ali instalado. Os “artistas”, porém, eram pessoas fantasiadas, sadhus, hippies, junkies (viciados em drogas duras) esqueléticos, aventureiros, peregrinos de Kumari ou encantadores de serpentes. Havia, ainda mais, apresentadores de macacos ensinados, vendedores e turistas perseguidos por mendigos insistentes.

Kumari, a Deusa Viva
Na outra ponta da praça, ficava a residência da Kumari, a “Deusa Viva”, uma menina que é escolhida nos primeiros anos de vida para ser deusa e perde o “emprego” ao atingir a puberdade. Então é substituída e volta a viver com os pais para sempre. Ou seja, em razão da superstição de que casar-se com uma ex-Kumari dá azar nem sempre elas acha mmaridos. Eu soube, porém que, mesmo assim, uma ou outra conseguiu se casar. Os maridos? Ao que parece, vão muito bem, obrigado.

O antigo Palácio Real de Katmandu e seus grandes templos
Seguimos pela New Road até a Durbar Square, onde deparamos com um espetacular conjunto de templos. Mesmo que já tivéssemos viajado por inúmeros países, nem Bernard, nem eu, víramos, até então, algo assim. Alguns eram em estilo sikhara, outros em estilo pagode, (depois conhecido como “pagode chinês”). Em sua maioria foram construídos entre os séculos XIV e XVIII, sob a dinastia Malla.

Logo à direita do templo principal podia-se ver um templo menor, mas igualmente importante, dedicado a Shiva e sua esposa Parvati. As imagens de ambos, esculpidas em madeira, apareciam na janela, como se vigiassem o lugar, de olho em todo mundo… Perto fica o antigo palácio real e vários outros templos. Bem do lado, em frente a uma enorme estátua colorida da deusa Kali, a Sangrenta, animais eram sacrificados numa meleira de sangue e poeira.

Para entender os templos nepaleses e sua arquitetura
Ao percorrer Katmandu de bicicleta pela primeira vez, notei três tipos de templos. Dois estilos de templos são hindus e mais numerosos. Ou seja, trata-se de templos em estilo sikhara e o pagode. A arquitetura de cada um é, entretanto, completamente diferente, com um estilo marcante e próprio. A sucessão de telhados só existe nos templos em estilo pagode.

O estilo pagode
O pagode “chinês”
Os templos em estiilo pagode surgiram primeiro no Nepal, obra de um arquiteto chamado Arnico, que foi convidado pelo imperador chinês para erguer obras semelhantes na China. O estilo, com pequenas modificações, acabou sendo conhecido no Ocidente como “pagode chinês”. Esse tipo de templo, o pagode, é, entretanto, o que mais caracteriza a aquitetura nepalesa.

O templos de arquitetura sikhara
O estilo sikhara, totalmente diferente, tem similares igualmente na Índia e lembra de longe – muito de longe – o gótico, principalmente por ser tão cheio de detalhes.Na ralidade não lembra em nada as igrfejas góticas francesas e italianas. É todo de pedra, não tem telhados como os pagodes. Existem em todo lugar no Nepal, porém, os mais interessantes são os de Bhaktapur e Patan, no Vale de Katmandu.

O estilo stupa
As stupas
Os templos budistas são completamente diferentes dos hinduistas. O mais tradicional é o em estilo stupa, com uma cúpula branca. Sobre ela há por um enorme quadrado, no qual estão pintados os olhos de Buda, voltados para os quatro pontos cardeais. Os dois melhores exemplos em Katmandu são o templo de Bodhna e, nos arredores, em Swayambhunath, o Templo dos Macacos.
Comer nos mercados em Katmandu
Depois de meses na estrada deixáramos a frescura para lá e nos habituáramos a comer em mercados. Assim, um dia, famintos, já que almoçáramos apenas biscoitos, compramos iogurtes servidos em pratinhos de barro. Uma lasca de cerâmica fornecida pelo vencedor servia de colher. Raspamos a camada superior, que nos pareceu um tanto empoeirada, e devoramos o conteúdo.

Depois estendemos os potinhos ao nepalês, que nos apontou um local repleto de cacos. Não entendemos, entretanto, o que queria dizer. Assim ele, delicadamente, retirou os potes de nossas mãos. Mostrou-nos o cacos em seguida e os quebrou. Era dessa forma que procediam: os potinhos eram descartáveis e, por serem de barro, totalmente ecológicos!
A dificuldade no abastecimento de água
Em vários dos velhos imóveis de Katmandu não havia sequer encanamento. Assim, o líquido era levado em mais de uma viagem, pelas mulheres, em toneis de plástico de uma fonte próxima até cada habitação. Às vezes um apartamento ficava no quinto andar. Em suma, essas mulheres tinham que enfrentar uma escadaria brava. Buscar água era, portanto, uma atividade para qualquer hora do dia e sempre a cuidado das mulheres.

Sem ter água encanada, muias famílias têm que buscar água nas fontes
A vista do terraço
O terracinho do hotel dava para o fundo do prédio, um pátio interno que pertencia a vários edifícios, Isso é, aliás, comum em Katmandu. Do alto tínhamos, assim, uma vista excelente do dia a dia do povo local. No pátio, as mulheres lavavam roupas, socavam cereais em pilões de madeira e também criavam animais. Era ali, igualmente, que as crianças brincavam, apesar da enorme sujeira. Assim de nosos terraço víamos com as pessoas viviam.

A contradição, porém, era vê-las enchendo seus vasilhames e, ao mesmo tempo conversando com amigas no celular. A Idade Média ao lado do século XXI!. Explica-se: saneamento básico é um investimento governamental caro. Celular cada vez mais barato, cada um compra o seu. Da mesma for, quando tinham eletricidade, quase todos itnham igualmente seu note-bool ou computador.

Buscando água na fonte
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Sigam esta aventura de carro pelas estradas da Ásia. Atravesse o Oriente mágico e exótico que encantou milhares de jovens europeus. Uma experiência vivida pelo autor do livro “A Vaca na Estrada” por países como Turquia, Irã, Afeganistão, Paquistão, Índia, Nepal
Veja a continuação desta postagem: Nepal na História

Explicação necessária:
Outras viagens pela Índia, lugares e experiências

Nosso destino nessa viagem de carro, espinha dorsal do livro “A Vaca na Estrada” de Paris ao Nepal, seria Katmandu. Da Europa passaríamos pela Turquia, Irã, Afeganistão, Paquistão e Índia. Antes, porém, de seguir para o Nepal fomos visitando outros lugares na Índia. Aliás, como estive diversas vezes no país, o livro “A Vaca na Estrada”, inclui igualmente algumas experiências vividas em outras viagens pelo subcontinente indiano.
Mumbay – Goa – Os marajás – o controle da natalidade – A arte na Índia – Rajastão 1 – “A Vaca na Estrada” – Rajastão 2 – Casamento à indiana – Viagem de trem na Índia – As castas – A colonização inglesa– Gandhi – Costumes, cultura – De Paris a Katmandu de carro – “A Vaca na Estrada” – Shiva e Jesus

