Livro; O Ouro Maldito dos Incas

014 – Anno de 1532 – “O Ouro Maldito dos Incas” – Ilha de Puná

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“O Ouro Maldito dos Incas” – Ilha de Puná

Tumbala e o convite para nos intalarmos em Puná

Caminhávamos ao longo da praia em frente à ilha de Puná quando vimos jangadas se aproximando. Pizarro mandou que parássemos, nos ordenando não atacar. Ficamos, portanto, observando, ressabiados. O que queriam? Um cacique emplumado desceu e caminhou em nossa direção. Quando chegou bem perto, parou e ergueu os braços nos cumprimentando.

“O Ouro Maldito dos Incas” – Ilha de Puná

Disse chamar-se Tumbala. Era da ilha de Puná, em frente à costa. Devia provavelmente saber, aliás, que estávamos passando por dificuldades. Tudo se sabia naquele litoral árido. Devia estar a parte de nossas dificuldades em encontar o que comer.
Pizarro chamou Felipillo para perto de si e ordenou:
Descubra o que querem.

“O Ouro Maldito dos Incas” – Ilha de Puná

Oferta tentadora

A oferta de Tumbala era, entretanto, interessante. Ou seja, convidava-nos a subir em suas jangadas e visitar a ilha. Afinal, era perto, ficava em frente à pequena baía onde estávamos acampados. Disse também que tinha frutas, milho, batatas-doces e cordeiros de pescoço comprido para nós. Nesse sentido era de fato tentadora para mortos de fome como nós. Nos entreolhamos. Aliás, só pensávamos em comida!

“O Ouro Maldito dos Incas” – Ilha de Puná

Os intérpretes tallans, porém, que circulavam, discretos, entre os índios do cacique Tumbala, tentavam entender suas intenções. Assim, aparentemente perceberam algo estranho e alertaram Felipillo, que avisou Pizarro.
Acho que querem jogá-los no mar e afogá-los.
Eu, que estava próximo, ouvi sua advertência, mas fiquei em dúvida se Felipillo não estaria distorcendo as informações. Afinal, o índio só nos falava o que lhe intessava.

Esperteza contra esperteza

Os índios de Puná eram, porém, inimigos da tribo de Tumbala. Assim, inicialmente, o Gobernador. estranhou, ficou logo desconfiado. Assim, mandou, que um grupo de espanhóis bem armados subisse nas jangadas com os índios. Imediatamente, aliás, reparando que estavam armados, exigiu que Tumbala e outros caciques ficassem em terra.

“O Ouro Maldito dos Incas” – Ilha de Puná

Iriam mais tarde para a ilha em outra balsa com ele e alguns dos nossos, preparados para qualquer surpresa. Dessa forma, só quando soube que os soldados tinham chegado bem ele embarcou conosco e com os caciques. Sentíamo-nos participando de um jogo: esperteza contra esperteza.
Por cautela, porém, após desembarcar na ilha instalamo-nos, porém, a certa distância da aldeia principal. Tomamos igualmente medidas defensivas quando montamos nosso acampamento. Ou seja, conservar as armas à mão e deixar sentinelas atentas nas proximidades de nosso acampamento. Os cavalos, embarcados com dificuldade em balsas maiores, foram igualmente mantidos selados.

“O Ouro Maldito dos Incas” – Ilha de Puná

A surpresa

Outro cuidado tomado pelo Gobernador foi, logo que desembarcamos, enviar um grupo, do qual fiz parte, para permbular pela ilha e reconhecer o terreno. Depois de umas duas horas perambulando por Puná, Pablo parou, tocou-me o ombro e deu um grito:
Olhem aquilo!
Paramos incrédulos ao ver ao longe uma casinha semelhante à uma igreja. Parecia, aliás mais exatamente uma capelinha. O que, porém, mais nos impressionou foi o fato de ter uma cruz junto da porta. Era algo que não víramos em nenhum dos lugares por onde passamos. O que poderia ser? Uma armadilha para atrair cristãos? Preparamos as armas.

“O Ouro Maldito dos Incas” – Ilha de Puná

Aproximamo-nos com cuidado: a construção parecia, de fato, uma igrejinha. De repente, vimos crianças saindo de dentro dela.
Louvado seja Jesus! Louvado seja Jesus! – exclamaram ao nos ver.
Ficamos estupefatos. Como era possível? As crianças falavam em castelhano! Posteriormente entendemos o mistério. Molina, um dos espanhóis escolhidos para ficar em Tumbes, tornara-se prisioneiro dos índios de Puná, que o levaram para a ilha. Homem religioso, conseguira evangelizar as crianças da tribo e mesmo alguns jovens adultos. Ou seja, uma façanha! Para isso vestia uma túnica branca que o deixava com cara de sacerdote.

“O Ouro Maldito dos Incas” – Ilha de Puná

O manuscrito de Molina

Mas, fazia sentido. Nossa religião tem essa característica. A dos índios, entretanto não se preocupava com isso. Em suma, queremos sempre converter pessoas à nossa fé em qualquer lugar do mundo. Os selvagens, porém, nunca tentaram nos converter a seu credo.
Vimos mais duas índias chegando. Deixamos que se aproximassem. Por elas ficamos sabendo que Molina fora morto ao acompanhar uma incursão dos ilhéus contra Tumbes, com quem estavam em guerra. Uma das moças entregou-nos uma mensagem dele dirigida aos espanhóis. A mensagem fora redigida há muitos meses. Molina afirmava, entre outras coisas, que havia muito ouro e prata na região.

“O Ouro Maldito dos Incas” – Ilha de Puná

Carne fresca

Cavalgando entre o arvoredo tivemos a sorte de capturar um cordeiro de pescoço comprido, ou lhama, como os nativos chamavam o animal. Ou seja, nossa volta ao acampamento alegrou os soldados. Afinal, trazíamos comida e boas novas sobre a existência de ouro nessa terra. Assim, naquela noite tivemos direito, pela primeira vez, a uma refeição de boa carne. Como nós caçamos o cordeiro, Pizarro deixou que nos servíssemos com ele, antes dos demais.
Nada como uma boa comida! exclamou Pablo, todo feliz, apalpando seu ventre gordo.

“O Ouro Maldito dos Incas” – Ilha de Puná

Chilimasa e Tumbala

Mal, imaginávamos, entretanto, que outras surpresas nos aguardavam em Puná. Uma delas foi quando, em um final de tarde, assistimos à chegada do cacique Tumbala acomodado em sua liteira, acompanhado de índios que cantavam e dançavam ao som de instrumentos. Era uma visita de cortesia, mas, desconfiados, ficamos atentos. Aliás, nos parecia clara sua intenção de espionar nosso acampamento. Afinal, prestavam atenção em tudo.

“O Ouro Maldito dos Incas” – Ilha de Puná

Outra visita surpreendente foi a sorrateira aparição do sacerdote de Tumbes, Chilimasa, inimigo de Tumbala, que estava na cabana quando o tumbisino chegou. As duas tribos de odiavam e o chefe dos ilhéus teve ama reação furiosa quando o viu. Tivemos que aparta-los, pois nos pareceu que iriam brigar. Percebendo que conseguira acalma-los, Pizarro, com um sorriso irônico, propôs que os dois ficassem a só e discutissem suas diferenças. Pouco menos de uma hora depois saíram da cabana, avisando que chegaram a um acordo. Rimos, sem saber o que havia por trás dessa conciliação. Havia muito, como logo descobríamos.

Hernando de Soto chega à ilha

Numa brumosa manhã finalmente chegaram à ilha navios de Hernando de Soto e Ponce de León, com suprimentos, armas, cavalos, soldados, escravos africanos e nicaraguenses. Aliás, durante o tempo que permanecemos em Puná, era ainda elevado o número de homens atingidos pelos tumores de Coaque, que, aliás, nem sequer sabíamos como surgiam.

“O Ouro Maldito dos Incas” – Ilha de Puná

Aliás, só de olharem para os rostos deformados dos doentes, os soldados de Hernando de Soto, que desembarcavam de sua caravela, pareciam querer voltar correndo a bordo temendo algum contágio. Eles, igualmente nunca viram nada parecido antes. Assim, mesmo Hernando de Soto não desceu da embarcação. Achou melhor, receber Pizarro ali mesmo no convés. Melhor do que se misturar a soldadesca contaminada.

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“O Ouro Maldito dos Incas” – Ilha de Puná

Juana Hernandez

A bordo estava igualmente a primeira espanhola a por os pés no Peru: uma prostituta de nome Juana Hernandez. Sua função era satisfazer os soldados e marinheiros. Tinha cabelos longos e negros, mas não era sequer bonita. Ou seja, nem muito diferente de outras tantas putas que Pablo e eu já havíamos frequentado em Sevilha. Era, porém a única branca entre as mulheres. Ou seja, as índias os soldados podiam estuprar, mas para Juana, porém, teriam que pagar. Enfim, algumas moedas de cobre, apenas.

“O Ouro Maldito dos Incas” – Ilha de Puná

Mosquitos e calor abafado

Suportávamos o calor abafado e éramos atormentados por núvens de mosquitos. Nos picavam rostos, braços e pernas e nos impediam de dormir. À noite tínhamos, portanto, que nos cobrir completamente para ter um pouco de paz. A única vantagem, porém, era que tínhamos comida e água,o que nos faltou durante quase toda a descida do litoral.

Siga o relato:

Como um analfabeto no comando de menos de duzentos homens, com pouca ou nenhuma experiência militar, conseguiu dominar um império de doze milhões de pessoas ?

Siga a continuação desta postagem: O cacique Tumbala

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